Carlos Alberto Monteiro Falcão
Para uma boa pescaria precisamos
de muitos apetrechos, iscas adequadas para os diversos tipos de peixes, linhas
de vários calibres, varas de reserva, além de muito material de proteção.
Camisetas e calças SUV, protetor solar, chapéu, óculos especiais e
principalmente um bom repelente porque uma boa pescaria tem que ter mosquitos
também. Certo dia fomos a uma pescaria de tucunarés na barragem do rio Flores, no
meio norte no Maranhão. Construída há muito tempo com objetivo de evitar alagamento
das cidades da região nos períodos de enchente, tornou-se também uma região
pesqueira e um paraíso para os amantes da pescaria de tucunarés.
Pam, o guia mais experiente da região foi o
responsável pela nossa embarcação. Nos alertou que sairíamos cedo, antes do
amanhecer para o Alto dos Cocos. É uma região distante, menos batida e
portanto, com maior a possibilidade de muitas visgadas, entretanto, foi logo
avisando para nos prepararmos porque, além de muitos peixes, têm muitos mosquitos
também. Quase uma hora embarcados. Durante
a viagem tivemos a oportunidade de contemplar um dos maiores espetáculos da
terra! O sol nascendo lindo e majestoso além do cocal, fazendo com que a
águas límpidas do rio Flores ficassem douradas, meio que anunciando uma boa
pescaria. E lá fomos nós... a stikone, fatal e borá trabalharam bastante. Uma ou
outra traíra de médio porte e belíssimos exemplares de tucunarés, animaram a
pescaria.
O repelente ajudou mas, entre
arremessos, cabeleiras e agressivos ataques dos bocudos, tínhamos que ter
habilidade para espantar os mosquitos. Ritual necessário até o sol esquentar e
os bichinhos vorazes acalmarem. Alguns dos peixes capturados foram escolhidos
para o almoço lá no rancho do Seu Antônio e os demais foram reintegrados às
águas da barragem. Ao final da tarde voltamos
para a pescaria e não foi muito diferente... muitos tucunarés acompanhados de
mosquitos e um belíssimo por do sol. A medida que foi escurecendo, começou também
o ataque das famigeradas muriçocas! Parecia que eram maiores que as normais. Os
repelentes não funcionavam, ao contrário, pareciam deixá-las mais fortes.
Próximo ao rancho tinha um casal de jegues que corriam de um lado para o outro,
tentando em vão fugir dos insetos. Cada um de nós utilizou um frasco de repente
e nada!
-Queima esterco de vaca, estas
pestes não gostam da fumaça com cheiro desagradável. Até a famosa "sentinela"
apareceu. Paulão, sempre muito preparado,
comentou:
-Estou tranquilo, trouxe
um mosquiteiro reforçado que comprei na internet para colocar na minha rede!
Vou dormir como um anjo. Foi ai que o Seu Antônio, como bom pescador que é,
entrou com a pérola do dia:
-Deixa ver o mosquiteiro?
“Esse aqui não funciona”!
Um dia desses veio um pescador
lá das bandas de São Luiz. Ele chegou aqui com um mosquiteiro desses e, no
inicio deu tudo certo, ficou protegido por algumas horas mas... uma das
muriçocas, a maior e certamente a mais inteligente subiu e pousou diretamente
na lâmpada acesa. Ficou alguns minutos ali, aquecendo as patas e quando elas
estavam vermelhas, ao rubro, voou diretamente para o mosquiteiro, o filó
queimou que subiu a “catinga”, fazendo um buraco, por onde o inseto entrou para
atacar a sua presa. As outras viram o ocorrido e foram para as lâmpadas. Não demorou
e, como resultado, o mosquiteiro ficou imprestável.
Depois dessa, não tivemos outra
opção... pegamos as tralhas, colocamos no barco e fomos dormir em um hotel em
Presidente Dutra.
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