General Severiano |
Marcelo D'Alencourt
Muitos
falam, principalmente nós botafoguenses,
no 1x0 contra o Flamengo, que pôs fim ao jejum de 21 anos sem títulos. Se esquecem, no entanto, do primeiro jogo
dessa inesquecível final que terminou num magro 0x0. Era domingo, dia nublado e
estávamos todos muito ansiosos em ver finalmente o Botafogo campeão. A grande maioria, como eu, nunca tinha visto
uma conquista. A final seria realizada
em três jogos, onde o Botafogo levava a vantagem de três empates. Um perigo
isso. Nosso time era bom e muito valente, aliás é essa a característica
principal do alvinegro de General Severiano.
Só que do outro lado estava o todo poderoso Flamengo de Zico e cia., que
foi a base da seleção brasileira tetracampeã em 94: Zé Carlos, Jorginho,
Aldair, Leonardo, Zinho e Bebeto. O técnico era Tele Santana. É pouco ou tá
bom? Nosso time também era forte: Josimar, Gottardo, Galvão,
Carlos Alberto, Luisinho, Criciuma
e o herói Maurício. Lembro que tínhamos um grupo de grandes
amigos botafoguenses, que sempre ia junto a todos os jogos. Tudo igual. Mesmo
carro, roupa, camisa e até cueca... Superstição alvinegra, entendem? Normal! Só
tinha um pequeno detalhe fora da curva: o Botafogo naquele campeonato estava
invicto, mas não havia vencido clássicos.
Isso era sério demais pra nós, desconfiados alvinegros. Bem, café da
manhã na mesa, jornal, toca o telefone e, na linha, meu querido compadre
dizendo que estava saindo de Belo Horizonte pro Maracanã. Como assim?!?
Perguntei. Isso era mais ou menos 9h da manhã.
O jogo era às 17h. Pensei. Deus,
sete horas de viagem, ele não vai
chegar...A corrente estava quebrada. Suei frio.
Há muito tinha me afastado da religião,
mas, nesse dia, não teve jeito, separei trinta minutos antes de ir pro
estádio e passei na igreja pras orações.
O compadre, é claro, não dava notícias nem enviava mensagens, pois como todos bem sabem, não existia
celular nem muito menos whatsapp na época.
Chegamos ao estádio no mesmo carro, mesma vaga, mesmo guardador, enfim, só faltava o camarada em trânsito. Maraca lotado, todos bem acomodados na arquiba, rola o coco. Esqueci o amigo, sem esperanças de que chegasse. O jogo começou muito tenso e quente. Faltas, empurrões e pontapés de ambos os lados. Logo percebi uma coisa importantíssima na postura do Botafogo: a coragem. Pois foi o elemento mais importante da nossa conquista. Todo mundo sabe que, numa final contra o Flamengo (e sua torcida, que joga junto do time), se eles crescerem, bau... Derrota certa! Tudo que não podia acontecer. De repente, uma mão toca por trás o meu ombro direito. Na época, víamos os jogos sempre atrás do gol. Nunca gostei. Sempre preferi o córner, acostumado a ir com meu querido pai. Mas como tinha de ser tudo igual, resolvi não dar chance à falta de sorte e lá permaneci. Viro pra trás e adivinhem quem era? O compadre perdido da estrada! Um abraço geral, todos juntos, cada um na sua posição do campeonato inteiro, com todos os apetrechos originais e em ótimo estado. Perguntei a ele como tinha conseguido chegar a tempo. Ele respondeu que "tinha voado baixo e vamos ver o jogo!" Vocês acreditam que o Botafogo, a partir dali, tomou conta da partida?!? Cresceu e apareceu. Onze leões dentro de campo comandados pelo saudoso, querido e supersticioso (virou!) Valdir Espinoza, mais conhecido como Marlon Brando, alcunha dada pela torcida alvinegra por parecer com o ator galã. Jogamos muito. Vários gols perdidos. O Flamengo, assustado, se defendia. Um massacre, mas a bola insistiu em não beijar as redes adversárias. Fim da peleja. Empate sem gols. Ficamos todos desapontados, mas saí do estádio com a certeza de que seríamos campeões. Pra mim esse jogo só terminou na quarta-feira, com o título, naquele 1x0 magistral com direito a "empurradinha" do Maurício no gol. Mas desse jogo todos lembram, não é mesmo? Ah, o parceiro-compadre? Claro que esteve o tempo todo conosco nesse dia pra não quebrar a supersticiosa corrente... Fooooooooogoooo!
Chegamos ao estádio no mesmo carro, mesma vaga, mesmo guardador, enfim, só faltava o camarada em trânsito. Maraca lotado, todos bem acomodados na arquiba, rola o coco. Esqueci o amigo, sem esperanças de que chegasse. O jogo começou muito tenso e quente. Faltas, empurrões e pontapés de ambos os lados. Logo percebi uma coisa importantíssima na postura do Botafogo: a coragem. Pois foi o elemento mais importante da nossa conquista. Todo mundo sabe que, numa final contra o Flamengo (e sua torcida, que joga junto do time), se eles crescerem, bau... Derrota certa! Tudo que não podia acontecer. De repente, uma mão toca por trás o meu ombro direito. Na época, víamos os jogos sempre atrás do gol. Nunca gostei. Sempre preferi o córner, acostumado a ir com meu querido pai. Mas como tinha de ser tudo igual, resolvi não dar chance à falta de sorte e lá permaneci. Viro pra trás e adivinhem quem era? O compadre perdido da estrada! Um abraço geral, todos juntos, cada um na sua posição do campeonato inteiro, com todos os apetrechos originais e em ótimo estado. Perguntei a ele como tinha conseguido chegar a tempo. Ele respondeu que "tinha voado baixo e vamos ver o jogo!" Vocês acreditam que o Botafogo, a partir dali, tomou conta da partida?!? Cresceu e apareceu. Onze leões dentro de campo comandados pelo saudoso, querido e supersticioso (virou!) Valdir Espinoza, mais conhecido como Marlon Brando, alcunha dada pela torcida alvinegra por parecer com o ator galã. Jogamos muito. Vários gols perdidos. O Flamengo, assustado, se defendia. Um massacre, mas a bola insistiu em não beijar as redes adversárias. Fim da peleja. Empate sem gols. Ficamos todos desapontados, mas saí do estádio com a certeza de que seríamos campeões. Pra mim esse jogo só terminou na quarta-feira, com o título, naquele 1x0 magistral com direito a "empurradinha" do Maurício no gol. Mas desse jogo todos lembram, não é mesmo? Ah, o parceiro-compadre? Claro que esteve o tempo todo conosco nesse dia pra não quebrar a supersticiosa corrente... Fooooooooogoooo!
Do clube de Leitura da Quarentena
Um comentário:
Como tricolor fanática só tenho a dizer que este botafoguense tem alma tricolor.
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