sexta-feira, 3 de julho de 2020

PAULO FREIRE SILENCIADO



Martha Lemos

                Pensei em iniciar esse texto com uma contribuição crítica criativa sobre a era das lives. Desisti imediatamente por pura falta de habilidade ou material de pesquisa. Um cansaço nada participativo me tomou de assalto. Qual o sentido de tudo isso?
Dialética.
                Outro dia me preparei toda para um momento considerado célebre nessa era das lives sem fim.
                Um encontro virtual sobre a conjuntura atual e o "esperançar freiriano como verbo". Diante do cenário desértico em que se encontra a educação brasileira esse seria um instante de oásis, um daqueles respiros necessários. Qual foi a surpresa... Tudo planejado, convidados e mediadoras presentes, público conectado. Falhas na transmissão do som, desde as boas vindas, impediram o acompanhamento.
Frustração.
                A educação popular e seu maior ícone silenciados momentaneamente, na mesma semana da saída triunfal e ruidosa do representante do ministério da educação. Nada mais simbólico, sintomático e sistêmico que os fatos.
                Mesmo com o contratempo, a conversa seguiu mediada no canal da web, a gravação completa e sem interferências no áudio foi disponibilizada posteriormente. A voz plural, autônoma, potente da educação solidária foi recuperada. As inspirações por um projeto político educacional que visa uma sociedade mais justa, dialógica e democrática se fez tangível novamente.
Respiro.
                Vivencio uma pequena epifania ao contemplar o encontro virtual dois dias depois de sua realização. Um sorriso tímido brota no canto esquerdo da boca ao relembrar o final do título da live: "(novo) normal ou inédito viável?"

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