Regina IredLa
Acordei.
A cama, meu ninho, tá quentinha. Estou numa posição gostosa e me aconchego. Tem
barulho na cozinha. Cheiro de café no ar. A máquina de lavar roupa tá
trabalhando, como diria meu sobrinho de 2 anos. Ainda não sei a hora e nem sei
se quero saber, mas em um movimento mecânico pego o celular: 10h37. Droga! E me
culpo de novo. Faço alguns tantos Ho’oponoponos, nem conto porque ainda não
tenho uma japamala. Tento espantar a culpa e percebo que preciso mudar minha
dinâmica matutina ou de duas, uma – ou enlouqueço ou assumo o hedonismo como
filosofia de vida de vez. Sacudo-me na cama e me puxo pro mundo. Levanto. Abro
a porta do quarto. Chego na cozinha e vejo uma bacia de cuscuz com ovos em cima
da mesa. Alegria tem cor, amarelo cuscuz. Encho minha caneca Athos Bulcão com
aquele café preto, sem açúcar, por favor! dou e recebo um Bom dia!, solto um O
que vai ter pro almoço?, mas antes que me peçam pra lavar a louça saio a
procura do céu. Céu azul brigadeiro. Inverno em Brasília e nessa época esse céu
sem nuvens, quase um azul piscina, é super comum. Vou correndo pra sacada.
Sento-me no chão com o café numa mão e a bacia de cuscuz na outra. Sol de
inverno no rosto e sumiu a culpa, esqueço todos meus problemas de classe média
branca e sou feliz... até que acaba o cuscuz da bacia, o café esfria e tenho
que entrar e encarar aquela louça.

Nenhum comentário:
Postar um comentário