A. J. de O. Monteiro
Era
apenas mais um princípio de manhã ensolarada, daquelas que chama a
refastelar-se numa rede em alpendre de casa de praia e eu estava exatamente
assim, quando me peguei observando um bando de urubus voando alegremente – me
pareceu – em círculos, com é próprio daquela espécie. Acho bonito o voo do
urubu, além de tecnicamente perfeito, utilizando-se das correntes de ar termais
a ave, em voo planado, faz manobras de deixar extasiado o observador.
Daquele bando
de urubus, um em especial tomou minha atenção. Postava-se como um líder, voando
afastado dos demais, parecendo delimitar o espaço de voo de todos e somente ele
fazia manobras diferenciadas, subindo e descendo além da linha em que os demais
voavam. Por vezes passava tão próximo que via seus olhos pretos brilhando como
que de prazer. Noutros momentos tive a
impressão de que ele parava no ar, o que me lembrou do folclórico e bom jogador
de futebol Dadá Maravilha, que afirmava parar no ar tal qual o colibri e o
helicóptero. Naquele dia acrescentei mais um: O urubu!
De repente,
com o sol já meio alto, o bando começa a se afastar, sob o comando do líder,
sempre aumentando os raios dos círculos concêntricos até saírem do alcance da
minha visão. Fechei os olhos, mas as imagens daquele “show aéreo” insistiram em
ficar na minha retina...